segunda-feira, 15 de julho de 2019

DOR E GLÓRIA

Ainda melhor que um Almodóvar mais reflexivo, melancólico, é ver Antonio Banderas consciente das modulações de sua grande atuação. O fio mnemônico do cineasta-alter-ego-ficcional busca se conciliar com o passado materno e ao mesmo tempo, sem saber, está atrás da origem do desejo capaz de reacender a chama criativa. Um mergulho do realizador espanhol em si mesmo, olhando para a própria persona como se quisesse quebrá-la, enxergar o ser humano além da casca, das dores do corpo que refletem as da alma. É divertido e triste, intimista e arquetípico. Os paradoxos que sempre impregnam as narrativas pessoais – e não importa se Almodóvar está ou não falando diretamente dele. Com inspirações fellinianas, cruza várias coisas [até esquece algumas] sem fugir da essência. O desfecho que escancara a metalinguagem não precisa surpreender, mas atestar a coerência dessa espécie de autorrevisão existencial. Como o faz bem. 



Dolor y Gloria * * * ½
ESP, 2019 | Drama | 113 min
[13.07.19 | Cine Teresina 5]

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