Enquadro [sendo entrevistado]


- Você é formado em psicologia, estuda jornalismo e produz cinema. Como essa formação contribui para as suas produções cinematográficas?

Vendo assim parece meio doido mesmo. Mas a vida guia a gente por caminhos imprevisíveis. Certamente, minha formação em Psicologia me auxilia muito, pois me interesso pelo comportamento humano em situações extremas, tanto físicas quantos mentais. Como reage nosso pensamento perante o desconforto de uma ideia nova é o que move meus personagens. Tenho essa curiosidade em relação a como as pessoas encaram e lidam com as suas vidas, sobretudo como elas comunicam isso aos outros, e isso se reflete nas minhas obras.


- Como o cinema entrou na sua vida? Conte-nos um pouco da sua história.


Minha mãe já estava sentindo as contrações do parto, mas esperou um filme que ela estava assistindo terminar para ir à maternidade. Então, já nasci fissurado em cinema. Como fui [e ainda sou] uma criança introspectiva, dediquei grande parte da minha infância a ficar diante da televisão conferindo todas as produções da época. Em 1999, eu já estava publicando meu segundo livro quando comecei a escrever artigos de cinema para os jornais locais, algo que mantenho, com altos e baixos, até hoje. Em 2003, vi que era a hora de tentar produzir alguma coisa. Juntei um grupo de amigos e uma filmadora VHS e fomos nos aventurar. “No Meio do Caminho” [2004] puxou “Insone” [2005], que puxou “Dona Maria” [2010], que, por sua vez, me levou até a “Qualquer Hora Dessas” [2012]. É assim que essas coisas acontecem, não?


- Quais os diretores que o influenciam (ou influenciaram) nas suas produções? Por quê?


Tenho muita influência de Hitchcock, desde pequeno vejo e estudo seu trabalho. Consigo me identificar muito com o cinema do brasileiro Walter Hugo Khouri, assim como do italiano Valério Zurlini. Ambos têm a mesma pegada melancólica que me faz refletir acerca do vazio existencial. Porém, admiro os mais diferentes cineastas, desde o genial Billy Wilder ao turco Nuri Bilge Ceylan, que consegue utilizar o silêncio dos personagens como expressão do que sentem.


- Como você define as suas produções?


O desespero de alguém em busca de uma história para contar. Na verdade, não sei se saberia definir o que fiz até agora. Não gosto de dizer que faço filmes, no sentido cinematográfico, e sim “estudos audiovisuais”, para compreender os mecanismos por trás do processo narrativo e testar os limites da minha criatividade. Anseio pelo dia de me ver como um cineasta de verdade, mas sei que esse dia ainda está longe de chegar. Por enquanto, indago sobre questões que me incomodam e tento expressá-lo por meio da linguagem audiovisual.


- Como é fazer cinema no Piauí? Como você vê a aceitação comercial e a do público?


Essa é a pergunta-clichê que nunca quer calar. Em primeiro lugar, não acho que tenhamos uma produção cinematográfica propriamente dita, mas sim audiovisual. Os dois são coisas distintas, cinema é uma categoria específica dentro do audiovisual. As pessoas precisam aprender a separá-las. Esclarecido isso, produzir no Piauí, seja lá o que for, é uma verdadeira jornada de herói. No resto do mundo, é tão difícil quanto aqui, porém alguma coisa acontece para as dificuldades naturais encontradas no caminho se tornarem para nós empecilhos épicos e até intransponíveis. Vou chover no molhado, mas deve ter a ver com a nossa cultura, autoestima, políticas sempre reforçando sermos o povo mais lascado do país... Enfim, enquanto não quebrar-se esse círculo vicioso retrógrado, dependeremos sempre de casos isolados para nos destacarmos em outros cenários além do nosso certame.


- Qual sua opinião a respeito das produções locais? Como as define?


De maneira geral, as produções locais são inexpressivas e incipientes. Elas escondem seu potencial na falta de ambição de seus realizadores. Não me interpretam mal, há coisas interessantes, porém interessantes para um nicho pequeno que sobrevive de regurgitar o próprio ego. A única maneira de sairmos desse pensamento quadrado pequeno burguês é extrapolarmos nossas próprias possibilidades, ter ambição na hora de pegar uma câmera e enquadrar um objeto. Fazer o sentido daquilo ter apelo universal e transformar as dificuldades em recursos narrativos. É difícil? Demais! Mas é para isso que temos um cérebro.


- Quais as dificuldades enfrentadas para a produção tanto na parte de custo quanto no processo de criação?


Sem querer ser redundante, nossa maior dificuldade criativa somos nós mesmos. Sinto isso na pele toda vez que desisto de uma história por achar impossível fazê-la aqui no Estado. E aí me pego errando, pois poderia transformar essa angústia em inovação, em criatividade, e quem sabe descobrir um viés original para se contar a mesma história. Um filme experimental não é necessariamente inacessível. Terrence Malick, que fez “A Árvore da Vida”, está aí para mostrar isso. Mas acham que o público piauiense curtiu a proposta do filme dele? Não. A obra só ficou uma semana em cartaz na cidade por completo desinteresse dos espectadores. Sim, um dia teremos condições de produzir filmes comerciais, mas não agora, não enquanto não descobrirmos como contar nossas histórias de maneira ambiciosa, criativa e barata.


- Diante de todas essas dificuldades, o que o incentiva a continuar produzindo?


Acredito que é uma necessidade minha de continuar vivo. Só pode ser. Eu penso todo dia em desistir, me acomodar num concurso, engravidar alguém e acionar o piloto automático à espera da morte. Em Teresina, se você não passa num concurso público ou não engravida ninguém, você não está fazendo nada. Ainda há essa angústia de termos de viver o conceito de vida bem sucedida introjetado por nossos pais. Eu passo por isso. Todos passam por isso. Tenho tentado algumas artimanhas para equilibrar os dois lados, mas é um esforço redobrado e, pior, covarde. Termina que você nem consegue o que quer e muito menos agrada os outros.


- Temos o conhecimento de que seus filmes são exibidos no exterior, como é feita essa divulgação?


Adoro como as histórias se espalham e se tornam maiores do que são. Uma das produtoras do meu último trabalho, “Qualquer Hora Dessas”, foi morar na Finlândia logo após concluirmos a produção. Na verdade, fizemos o filme com a intenção de testá-lo longe daqui, ele tem uma pegada bem europeia mesmo, até mesmo ousadias que não sei se o público daqui estaria disposto a curtir. Então, estamos tentando jogar o filme nos festivais europeus que aceitem o formato de gravação [uma câmera cybershot]. Ela atua como minha representante na Europa e isso é bem divertido. Mas não tem nenhum segredo do outro mundo.


- Você acha que o cinema local é bem quisto pela população? Ele é de conhecimento da maioria ou necessita de um "empurrão"?


Para ser sincero, eu não tenho certeza se o povo do Piauí se interessa por cinema. Gostar de filme, todo mundo gosta – espero. Agora, se nunca mais houvesse uma tentativa de produção audiovisual piauiense, acho que, infelizmente, ninguém ia reclamar. Alguns questionariam a falta de “artistas com anseios audiovisuais”, mas seriam aqueles poucos que só sabem sentar a bunda espinhenta no bar para reclamar de tudo o que acontece ou deixa de acontecer aqui. Somos acomodados à nossa própria miséria. Temos medo de ter coragem de ir atrás das coisas. E sim, a produção audiovisual daqui é parcamente conhecida e porcamente recebida. Talvez por isso eu esteja tendencioso a tentar exibir meus trabalhos lá fora, ao invés de estreá-los no Teresina Shopping, como eu e outros já fizemos.


- E quais sãos as perspectivas para o futuro?


Tentar não engravidar ninguém por enquanto para continuar na luta. Ansiar a ideia certa no momento propício. Acreditar no famoso “pulo do gato”. Torcer para um dia estar falando no Cinema Piauiense, não no sonho de que ele venha acontecer realmente.


2 de setembro de 2012

17h06

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- Qual importância o cine Rex teve no cinema piauiense?


Bem, o cine Rex era o segundo cinema de rua mais antigo do país. Ele tinha essa importância histórica que não foi levada em conta ao seu fechamento.


- Como você acha que a revitalização do Cine Rex poderia ajudar produção cinematográfica local?


Caso haja um novo Rex, ele poderia ser espaço para exibições comerciais de filmes e vídeos realizados pela galera daqui. Isso seria bastante motivador.


- Que tipo de incentivo você acha que deve acontecer para que a produção local evolua?


Leis municipais de fomento à produção audiovisual, como acontece em outras capitais do Brasil.


- De que maneira o padrão Hollywoodiano interfere na produção local?


Não sei se interfere tanto, numa visão macro. Ainda não vi explodirem os shoppings ou mesmo sequências de ação pelo centro da cidade.


- O que você acha das produções cinematográficas piauienses?


De modo geral, são diletantes, sem técnica alguma, apenas a boa intenção de fazer alguma coisa. Enquanto assim for, podemos falar em produção audiovisual piauiense, não cinema propriamente dito.


- De que forma você acha que a pirataria interfere no processo de produção cinematográfica?


Tira o lucro do produtor da obra, que fica p da vida pois quer sempre ganhar mais. Mas não engane, quando um filme é pirateado todos os salários já foram pagos.


- Você acha que mídia local contribui para essa produção? Se não, o que poderia ser feito?


A mídia daqui se esforça, dá espaço, mas não depende dela.


- Em termo de tecnologia e estrutura como está o cinema no Piauí atualmente? Por que?


Não está. Cinema é um produto comercial caro, o que ainda não vi por aqui.


- As raízes cinematográficas piauienses são fundamentadas no cinema marginal, quais os reflexos que tem na produção atual?


Ainda temos essa péssima influência do cinema marginal, de fazer as coisas sem qualquer sutileza ou mesmo discernimento técnico. Isso é um atraso, o cinema marginal saiu de moda há 40 anos. É preciso dar um “reboot” urgente no nosso HD se quisermos caminhar realmente para o parto do cinema piauiense.


22 de abril de 2012


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ENTREVISTA INGRID JOYCE – 30 de junho de 2010


1 – Fale um pouco de seu currículo.


Biografia – copiada e colada:


Francisco Monteiro Júnior nasceu em Teresina-PI, em 17 de maio de 1983. Aos quinze anos, publicou “As Sete Vidas do Gato” (1998), por meio da Lei A. Tito Filho, de incentivo à cultura, seguido de “A Obscuridade Humana” (1999), pela EDUFPI, a editora da Universidade Federal do Piauí – UFPI, e “O Confidente” (2003), premiado pela FUNDEC, Fundação Estadual de Cultura e do Desporto do Piauí, na categoria Romance – Prêmio Fontes Ibiapina, no ano de 2001.


Amante de cinema, escreve críticas para jornais impressos e para internet desde 1999, já tendo mais de 200 artigos publicados. Lançou alguns filmes, como o média-metragem “No Meio do Caminho” (2004) e “Insone” (2005), curta-metragem premiado como Melhor Vídeo Piauiense no Festival de Vídeo de Teresina, promovido pela Prefeitura Municipal através da Fundação Monsenhor Chaves. Recentemente, lançou seu novo trabalho em audiovisual, “Dona Maria”, longa-metragem realizado em parceria com a Associação Brasileira de Documentaristas – seção Piauí sobre solidão e abandono na velhice.


Formado em Psicologia, pós-graduado em Psicologia da Educação, atualmente cursa Comunicação Social – Jornalismo na Universidade Federal do Piauí.


2 – Como iniciou na produção de filmes?


Assim como todos que trabalham no ramo, creio eu, em primeiro lugar sou cinéfilo e passei minha infância inteira me alimentando do maior número de filmes que pude ver. Sempre fui fascinado por essa coisa de contar uma história e mexer com as pessoas, de você ter uma conexão com outro ser humano através da arte de expressar suas angústias e alegrias. A arte tem essa magia, você contempla um quadro de alguém que você não conhece, e provavelmente nunca vai conhecer, e o mundo à sua volta se transforma. Como não sei cantar ou pintar, percebi que devia passar minha mensagem através da escrita. Mesmo depois de escrever três livros, o que não foi fácil, vi que o cinema continuava sendo minha paixão maior, minha amante favorita. Então, resolvi arriscar e fazer um filme.


3 – Como cuida da divulgação do seu trabalho?


Por enquanto, eu mesmo cuido. Na verdade, é relativo. Dependendo do trabalho no qual você se envolve e as parcerias conquistadas, entra mais gente ajudando. Como basicamente produzo a maioria das coisas que faço, essa parte da divulgação termina ficando comigo e/ou sendo bem espontânea. Geralmente, exibo o filme uma vez e o deixo ganhar vida própria, caminhar sozinho. As pessoas vão atrás dele depois. Ainda não fiz nada em que estivesse seguro para um lançamento em grande escala e essa coisa toda. Ainda sou muito artesanal, estou aprendendo.


4 – Recebe incentivos/patrocínio do governo? 


“Dona Maria” foi o primeiro filme que fiz com dinheiro do contribuinte, no caso repassado pela prefeitura municipal. Mas é muito tenso, você é obrigado a ter as contas na ponta do lápis e a fazer um bom trabalho, obrigatoriamente, pois o povo é quem está pagando. A responsabilidade é gigantesca.


5 – Onde são exibidos os filmes?


Já exibi nos cinemas, em escolas e faculdades, além de festivais e amostras audiovisuais. Dificilmente recuso um convite para exibir meus filmes, seja qual for o lugar. Até festa de aniversário.


6 – Como sua produção é recebida pelo público? Para qual público você direciona sua produção?


Não penso sobre isso. Ainda estou germinando, aprendendo como se faz. As pessoas comentam e fico lisonjeado, mas tento não me envaidecer. Vejo um monte de gente que não faz nada que preste com o ego flutuando na própria mediocridade. Morro de medo de me tornar uma pessoa assim. Faço por prazer, por uma necessidade de compreender como as coisas acontecem, de como se vive no mundo. A angústia de estar vivo me leva a produzir. Quando não tiver mais dúvidas, paro, me aquieto.


Só espero que o público piauiense dê o devido valor às suas próprias coisas, que ele olhe com carinho redobrado o seu próprio jardim, pois temos flores lindas regadas com muito suor, mas que carecem de mais atenção. Espero que o piauiense entenda o quanto é trabalhoso o que nós estamos tentando fazer aqui e o quanto é estimulante quando esse trabalho é reconhecido, não importa se é um produto que não se compare com os de fora ainda. Estamos apenas começando e, falando por mim, o céu é o limite. Ou não. Pode ser além do céu.


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ENTREVISTA COM FRANCISCO MONTEIRO JÚNIOR - 2004


Por Gabriel Medeiros 


Francisco Monteiro Júnior tem 21 anos e é alguém que literalmente respira cultura, principalmente literatura e cinema. Ele já publicou três livros – As sete vidas do gato (1998), A obscuridade humana (1999) e O confidente (2003) – lançou um filme média-metragem de 45 minutos chamado No meio do caminho, exibido no Cine 3 do Teresina Shopping em janeiro do corrente ano, e há quase dois anos assina a coluna Cinefilia no jornal O Dia. A seguir, Monteiro Júnior fala sobre as dificuldades de se produzir filmes em nosso Estado. 


Gabriel Medeiros: Como você teve a idéia de produzir cinema? 


Monteiro Júnior: Assim como todos que trabalham no ramo, creio eu, em primeiro lugar sou cinéfilo e passei minha infância inteira me alimentando do maior número de filmes que pude ver. Sempre fui fascinado por essa coisa de contar uma história e mexer com espectador, de você ter uma conexão com outro ser humano através da arte de expressar suas angústias e alegrias. A arte tem essa magia, você contempla um quadro de alguém que você não conhece, e provavelmente nunca vai conhecer, e o mundo à sua volta se transforma. Como não sei cantar ou pintar, percebi que devia passar minha mensagem através da escrita. Mesmo depois de escrever três livros, o que não foi fácil, vi que o cinema continuava sendo minha paixão maior, minha amante favorita. Então, resolvi arriscar e fazer um filme. 


GM: Sobre o que se trata o seu filme e quais as dificuldades que você encontrou durante a sua realização? 


MJ: No meio do caminho retrata um dia na vida de um jovem em uma terrível crise existencial por causa do fim do relacionamento. É uma alegoria àquela pérola de Shakespeare em que ele diz: “Você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você”. A princípio, a maior dificuldade que se encontra num projeto desses é o descrédito das pessoas ao que você está fazendo. Ninguém parece levar a sério quando se trata de seu primeiro trabalho, o que entendo. As pessoas não colocam fé nas pessoas, infelizmente. Gravamos o filme sem um tostão, com uma câmera bem antiga e uma equipe de amigos sem nenhuma experiência, assim como eu. Cinco meses depois, o filme estava pronto e bem além de qualquer expectativa. Mas foi difícil, não tenha dúvida. Hoje, assisto e não sei como fizemos. É preciso muita força de vontade, pois você não conta com muita gente, sabe? 


GM: Por estar no Piauí, isso influenciou positiva ou negativamente na produção do seu filme? 


MJ: Isso depende do seu ponto de vista. Não vou ser irresponsável e dizer que aqui é um lugar ruim para se fazer cultura, porque não é. Temos uma cultura bastante rica, basta olhar com os olhos certos. O fato de termos pouco apoio pode servir como estímulo para se produzir bem sem muitos recursos, ou sem quase nenhum recurso, como foi o nosso caso. Se você acredita que tem uma missão de mostrar às pessoas que é possível fazer, você pega uma câmera VHS do tempo da vovó e entrega o melhor filme que pode ser feito, usando as limitações como parte da sua arte. O que está faltando para as pessoas produzirem não é capacidade, é coragem. Lógico que uma maior ajuda do governo viria a calhar, mas esse discurso é velho e não deve ser usado como desculpa para a nossa mediocridade. Quem quer fazer, faz, mesmo que para isso tenha que usar uma cadeira-de-rodas como trilhos e rezar para a fita não se estragar por causa do calor. 


GM: Atualmente, vários eventos envolvendo o cinema estão ocorrendo em Teresina. Que influência você acha que esses eventos terão sobre o público? 


MJ: Acho de extrema importância se fazer amostras de cinema e festivais de vídeo, pois dão ao público, principalmente o daqui, a oportunidade de assisti a filmes que dificilmente veriam nos cinemas dos shoppings, além de estimular a produção de filmes e vídeos, amadores ou profissionais, fomentando assim a solidificação, num futuro cada vez mais próximo, de um cinema piauiense de verdade. Essa galera de hoje que tem mais acesso a filmes, à sétima arte em geral, do que outras gerações e isso é muito bem-vindo, pois é uma galera que está mais apta a conversar, trocar idéias e discutir sobre cinema. Pelo menos acredito que sim, mas posso estar equivocado. 


GM: Durante esses eventos, algumas oficinas foram oferecidas. Dentre elas: produção, direção, roteiro e fotografia. Como você acha que isso pode influenciar uma nova geração de realizadores de vídeo e cinema? 


MJ: Como os grandes núcleos de formação em cinema estão no eixo Rio-São Paulo, é fácil ficarmos relegados à periferia do cinema nacional, como ainda somos – ou nem sequer somos isso ainda. Proporcionar essas oficinas às pessoas daqui é, como eu disse, criar condições de florescer um cinema de verdade em nosso Estado, misturando talento e técnica para sulista nenhum chiar feio. Pendendo para o lado do cinema de grande porte, feito em película e tudo mais, não basta somente dar o conhecimento. É necessário pôr isso em prática, dar condições para tal, uma missão que devia ser do governo do Estado, se este realmente quisesse criar um núcleo de produção da terra, sem ter que chamar estrangeiro para se apossar de peças nossas. Garanto que uma Hollywood daqui seria muito mais interessante do que as de fora. Claro, volto a enfatizar que isso não é desculpa para cruzar os braços e esperar o ouro cair do céu. Vá atrás, faça o melhor que puder. Quem sabe aonde você pode chegar? 


GM: Quais as produções feitas no Piauí você mais gostou? 


MJ: Infelizmente, ainda não temos um bom leque de produções no qual possamos escolher. Gosto dos trabalhos do Douglas Machado, principalmente o documentário sobre o Ariano Suassuna. Gosto do curta-metragem Bruma, do Alex Galvão, e me divirto bastante com os filmes da turma do Carambolo Movies. Mas sou louco para assistir aos filmes feitos por Torquato Neto. 


GM: Para finalizar, quais são seus futuros projetos na área? 


MJ: Neste momento, estamos produzindo um curta-metragem de suspense chamado Insone, que deve estar pronto no primeiro semestre de 2005. Fora isso, estou desenvolvendo alguns roteiros de curtas e longas-metragens, além de um projeto magnífico que surgiu no meu caminho proposto por um amigo, junto com a transposição de uma lenda piauiense para a tela grande e várias outras idéias que pipocam na minha cabeça de dois em dois minutos. 


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ENTREVISTA PARA O CADERNO METRÓPOLE (O DIA) – 25.01.06


Por Katiuscia Alves


KA: Você é um dos poucos que luta pelo avanço da produção cinematográfica no Piauí. O que você acha desse campo em nosso estado? Tem muito para avançar, está estagnado? É ruim, precisa melhorar ou não fica devendo nada a outros estados brasileiros? 


MJ: Dei uma entrevista num documentário ano passado, dizendo que não existe cinema no Piauí, o que gerou um pouco de polêmica, naturalmente. Na verdade, expressei-me mal. Quis dizer que aqui não existe ainda um cinema piauiense industrializado, ou seja, voltado para o aspecto comercial do ramo, e isso é bem óbvio. Também é óbvio que esse tipo de cinema aqui vai demorar a chegar, pois somos um Estado pobre e confuso, e sinceramente não vejo o governo ou as empresas particulares investindo na produção audiovisual daqui, o que é lamentável e revoltante. Mas isso não impede que a essência do verdadeiro cinema não esteja florescendo por estas bandas. Tem muita gente boa fazendo vídeos muito bons, que pecam apenas pela falta de recursos e incentivos, até mesmo pessoais, de parentes e amigos. Este é o lado ruim de se sonhar em produzir vídeo aqui no Piauí. Entretanto, creio que as coisas estão melhorando, ainda que a passos de tartaruga.


KA: Quem te ajuda ou quais instituições (governo, ONGs, etc.) a levantar a bandeira desta área no Piauí? 


MJ: No começo, quando lancei No Meio do Caminho, meu primeiro filme, só podia contar com a ajuda e o apoio da família e dos amigos. Hoje, além deles, posso contar com algumas instituições, como a Universidade Federal do Piauí e o Instituto Dom Barreto, o que de certo mostra que estou trilhando o caminho certo. Ainda não fiz nenhum trabalho apoiado diretamente pelo governo ou pela prefeitura, mas este é um desejo que espero realizar logo.


KA: Considerando que exista uma produção cinematográfica em nosso Estado (mesmo que ainda tímida) que ações podem ser feitas para levar essa produção para fora ou ainda, para o conhecimento dos próprios piauienses e também para o interior do Estado? 


MJ: Isso é a coisa mais fácil do mundo. É só promover festivais que cheguem ao conhecimento do público (porque os daqui infelizmente não são divulgados devidamente, o que me revolta) e promover exibições de filmes piauienses nos outros Estados, para que as pessoas de fora possam ver e os talentos possam ser reconhecidos, uma vez que aqui não são. Não como deveriam ser.


KA: Me fale um pouco da história do cinema piauiense? Que produções existem no Piauí? 


MJ: A história do cinema piauiense é uma história em eterna construção. Tivemos o movimento de 70, um registro da época em super-8, com Torquato Neto como expoente, mas também com nomes como Durvalino Couto e Carlos Galvão. Quase trinta anos depois, Douglas Machado fez renascer a vontade de um cinema piauiense com o seu Cipriano, seguido dos documentários que faz. E hoje há essa galera jovem se expressando – e bem – através do vídeo digital, abrindo cada vez mais o caminho para a efetiva consolidação da produção audiovisual genuinamente piauiense. Um caminho tortuoso, mas extremamente excitante.


KA: Deixe um pequeno currículo seu, dos filmes. 


2004 – No Meio do Caminho, média-metragem homenageado no Festival de Vídeo de Teresina como Filme Convidado (o único do Estado).

2005 – Insone, curta-metragem exibido no Salipi, na Mostra Piauí de Cinema e 1º lugar no Festival de Vídeo de Teresina, na categoria Melhor Vídeo Piauiense. O filme está em várias videolocadoras da cidade.
        - A Noite e a Cidade, documentário sobre o lazer noturno piauiense em diferentes épocas, vencedor da gincana cultural promovida pelo Instituto Dom Barreto e exibido na Mostra Piauí de Cinema.

KA: Quais os seus planos? Quais os próximos filmes ou documentários que estão em andamento?


MJ: Tenho vários projetos em andamento neste exato momento. Acredito que o mais expressivo, digamos assim, é um DVD bem original que estamos preparando para a banda Madame Baterflai, em virtude do lançamento do primeiro CD, e que certamente é um projeto audacioso para o formato. Tudo indica que o DVD estará pronto no segundo semestre deste ano e estamos torcendo para que chame a atenção de todos, inclusive do governo, para que se anime a investir de verdade neste setor da nossa cultura.


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ENTREVISTA A ROSA ROCHA (03.04.06)


1) Definição pessoal sobre Cinema


Cinema é meu estado de espírito favorito, é quando compreendo melhor a dinamicidade da vida e da existência e entendo a importância de estarmos sempre em movimento, não importa o contexto e nem a história, é preciso sempre estar se movendo, como as imagens à nossa frente. Cinema é onde me encontro e tomo a consciência de quem eu sou realmente.


2) Desenvolvimento do cinema Brasileiro, um pequeno panorama do ontem e do Hoje


Nossa, não sei se a resposta cabe aqui. Sendo bem breve e indulgente: O cinema chegou ao Brasil em 1897, quando, em 1º de maio, o empresário italiano Vittorio di Maio lançou o “Cinematógrafo”, com a exibição de curtas europeus e quatro filmetes feitos aqui. Este evento foi o estopim para o início da produção nacional. “Limite”, de Mário Peixoto, lançado nos anos 30, é considerado por muitos o melhor e mais importante filme do cinema nacional, o nosso “Cidadão Kane”, digamos assim, mesmo com a deterioração da qualidade do filme, com cenas até perdidas. Nas décadas seguintes, tivemos o gênero verde e amarelo das chanchadas, o mais brasileiro dos gêneros, popular até a alma, com nomes como Oscarito, Grande Otelo, etc. A revolução da arte acontece na década de 60 com o Cinema Novo e seu engajamento social, com expressões como “Os Cafajestes”, “Terra em Transe”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, e por aí vai. O cinema prosseguiu com seus altos e baixos até o histórico fechamento da Embrafilmes pelo governo Collor no começo dos anos 90, que decretou quase que o sepultamento da sétima arte em nosso país. A chamada retomada é registrada em 1994 com “Carlota Joaquina – a Princesa do Brasil”, de Carla Camurati, dando início ao Novo Cinema Brasileiro, marcado pela excelente qualidade técnica e aprimoramento do texto e que a cada ano conquista mais e mais espaço lá fora e, mais importante ainda, aqui dentro.


3) Paralelo comparativo entre o Cinema Americano e o Cinema Brasileiro


Este eu pulo.


4) O cinema piauiense, a seu ver, se enquadra em que momento, no Brasil?


O cinema piauiense ainda é uma coisa tão pequena, ainda está lutando para se popularizar entre nós mesmos (por ano temos duas ou três “estréias” que chamam a atenção, o que é muito insatisfatório), que não sei se existe uma resposta concreta para esse questionamento.


5) Cinema no Piauí: existe?


Essa questão é de longe a mais controversa de todas. Existe no Piauí cinema, sim. Não o cinema industrializado do tipo exportação, visando o mercado nacional, e até internacional, mas um cinema mais artesanal, independente na essência máxima da palavra. No Piauí, existe cinema digital, a nova crista da onda e que definitivamente democratizou a arte de contar uma história por meio do audiovisual. Produções caseiras agora são vistas com outros olhos e até mesmo essas produções se tornam a cada dia mais profissionais e mais aceitas como cinema. Fazemos cinema digital, sim, e é por isso que faço questão de lançar todos os meus filmes no cinema para reforçar essa idéia e levar outras pessoas a fazerem o mesmo e incutirem na cabeça da população que no Piauí se faz cinema, e de boa qualidade.


6) Quando começou a trabalhar com cinema? Quais filmes já produziu?


Assim como todos que trabalham no ramo, creio eu, em primeiro lugar sou cinéfilo e passei minha infância inteira me alimentando do maior número de filmes que pude ver. Sempre fui fascinado por essa coisa de contar uma história e mexer com espectador, de você ter uma conexão com outro ser humano através da arte de expressar suas angústias e alegrias. A arte tem essa magia, você contempla um quadro de alguém que você não conhece, e provavelmente nunca vai conhecer, e o mundo à sua volta se transforma. Como não sei cantar ou pintar, percebi que devia passar minha mensagem através da escrita. Mesmo depois de escrever três livros, o que não foi fácil, vi que o cinema continuava sendo minha paixão maior, minha amante favorita. Então, resolvi arriscar e fazer um filme. De 2004 para cá, já lancei três: 

2004 – No Meio do Caminho, média-metragem homenageado no Festival de Vídeo de Teresina como Filme Convidado (o único do Estado).
2005 – Insone, curta-metragem exibido no Salipi, na Mostra Piauí de Cinema e 1º lugar no Festival de Vídeo de Teresina, na categoria Melhor Vídeo Piauiense. O filme está em várias videolocadoras da cidade.
        - A Noite e a Cidade, documentário sobre o lazer noturno piauiense em diferentes épocas, vencedor da gincana cultural promovida pelo Instituto Dom Barreto e exibido na Mostra Piauí de Cinema.

7) Participou de cineclubes?


Participei da II Mostra Piauí de Cinema em 2005 com os meus três filmes.


8) Em sua opinião, porque o PI não possui um desenvolvimento na área cinematográfica como estados como a Bahia ou o Ceará (nos últimos anos)?


Se fosse para resumir em uma frase: pura falta de interesse dos governantes do nosso Estado. Os governos da Bahia ou Ceará investem nesse ramo da cultura, aqui nossos dirigentes não acreditam que possa haver um cinema piauiense do tipo exportação. Uma grande pena, mas é isso o que eu vejo.


9) Quais fatores você elencaria como influência do (NÃO) desenvolvimento do cinema no estado?


Acho que respondi na pergunta anterior. Mais interesse do Estado para investir em produções de vídeo daqui, mesmo produções pequenas, é o melhor caminho para fomentar o desenvolvimento da produção local. Tenho certeza de que com isso, logo estaremos fazendo cinema do tipo exportação e pondo o Piauí na lista dos grandes produtores de cinema do país. 



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PARA MATÉRIA DO JORNAL “O DIA” DO ANIVERSÁRIO DE TERESINA (AGO/06)


“ (...) sobre a produção de cinema do Piauí. o nome dos filmes e um pouco sobre esse mercado, se é viável ou não. Uma análise”.


MJ: O cenário cinematográfico piauiense está melhorando, embora lentamente e partindo de manifestações artísticas individuais. Prova disso é que há dois anos são lançados filmes piauienses nos cinemas daqui. Todo ano agora temos um ou dois filmes daqui exibidos em nossos cinemas. Só isso é motivo de comemoração e otimismo. Sinto que estamos caminhando positivamente, pois isso nunca aconteceu antes. Não importam quais sejam os filmes, o importante é incutir na cabeça das pessoas essa idéia de que estão produzindo obras audiovisuais em nosso Estado. Esse é o primeiro passo de uma longa jornada rumo à concretização de um cinema piauiense. 


Desde Cipriano, tivemos exibidos em nossos cinemas meus dois filmes (No Meio do Caminho e Insone), em dois anos consecutivos; tivemos também O Confidente, do A. José, em 2005, e este ano temos Entre o Amor e a Razão, do Cícero Filho, que não é piauiense, mas está lançando seus filmes aqui. E à medida que o tempo passa, os filmes vão aparecendo cada vez melhores e com mais pretensão, captados em vídeo digital, mas geralmente com narrativa cinematográfica. Isso leva a crer que os próximos anos nos reservam coisas muito boas.


Em relação se é viável ou não fazer cinema no Piauí, isso vai depender de quem está fazendo o filme e do seu estado de motivação. Quem não estiver motivado 150%, vai desistir antes do terceiro mês de captação de recursos. Sei o que estou dizendo, pois estou fazendo um longa-metragem e, mesmo após vários meses indo atrás de dinheiro e já perto do dia de começar as gravações, ainda estamos na correria para contemplar todo o orçamento, que por sinal é muito baixo. Para cada pessoa ou empresa que acredita no que você está fazendo, existem dez ou mais que ou não podem ajudar ou não estão nem aí. Essa é a verdade para quem quer fazer filme neste momento em nosso Estado. O segredo é não desistir, decorar o discurso e ficar esperando horas, dias, meses para ser recebido. Por isso a motivação deve ser alta. Se você passar por isso, é quase certeza que consiga fazer seu filme (ainda tem elenco, cronograma, altos e baixos etc.). Eu não vou desistir. Você vai?


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PARA O JORNAL “O DIA”


Oi, meu amigo! 


Seu livro já está comigo, pode vir pegar a qualquer hora. Mande um mini currículo sobre seus trabalhos, o que v gosta, suas leituras etc. 


Aqui estão algumas perguntas para v. responder. Fique á vontade, mas, por favor, nada de monossílabos  nem respostas muito curtas. 


1 - É difícil fazer cinema no Piauí? 


Monteiro Júnior: Não vou ser irresponsável e dizer que aqui é um lugar ruim para se fazer cultura, porque não é. Temos uma cultura bastante rica, basta olhar com os olhos certos. O fato de termos pouco apoio pode servir como estímulo para se produzir bem sem muitos recursos, ou sem quase nenhum recurso, como acontece em certos casos. Se você acredita que tem uma missão de mostrar às pessoas que é possível fazer, você pega uma câmera VHS do tempo da vovó e entrega o melhor filme que pode ser feito, usando as limitações como parte da sua arte. O que está faltando para as pessoas produzirem não é capacidade, é coragem. Lógico que uma maior ajuda do governo viria a calhar, mas esse discurso é velho e não deve ser usado como desculpa para a nossa mediocridade. Quem quer fazer, faz, mesmo que para isso tenha que usar uma cadeira-de-rodas como trilhos e rezar para a fita não se estragar por causa do calor. Resumindo, dá para fazer cinema ou vídeo no Piauí, mas é preciso ter paciência de Jó.


2 - Como você vê o desenvolvimento dessa arte no estado? E o mercado? 


Monteiro Júnior: Embora estejamos muito nos primórdios de um cinema piauiense ainda, vejo que a evolução para esse propósito tem aumentado de velocidade a cada ano. Ao contrário de 3 anos atrás, quando fiz meu primeiro filme, No meio do caminho, hoje há mais pessoas e entidades apoiando nossas produções, o que é maravilhoso. Se você tem um bom projeto, está mais fácil encontrar produtoras que lhe apóiem. Lógico que as dificuldades são enormes, mas basta você ter persistência e nunca desistir. Este é o segredo que não é segredo nenhum. De 3 anos para cá, temos de um a dois lançamentos a cada ano de produções daqui nos cinemas locais, fato que além de mostrar a sensibilidade da gerência dos cinemas para as coisas da terra atesta justamente esse desenvolvimento da Sétima Arte no Estado do Piauí. Acredito que essa é uma tendência que vai ficar mais clara dentro de alguns anos, e é ótimo debater sobre isso, mas é melhor ainda produzir para depois debater. As pessoas falam mais do que fazem. Se cada proposta de mesa de bar que já ouvi em relação a cinema feito aqui se tornasse real sem dúvida estaríamos discutindo o presente, não o futuro. O problema é que o pessoal tem as idéias, mas não sabe como fazer ou não tem coragem de encarar a batalha. Vez por outra, e isso fica cada vez mais freqüente, temos oficinas de produção e técnica de cinema. A ABD-Pi – Associação Brasileira de Documentaristas tem se empenhado nesse sentido, de levar o cinema até aqueles que se interessam, porém que não têm acesso a ele, seja trazendo profissionais de fora e reconhecidos ou levando os daqui para ministrar oficinas em diferentes cidades do interior do Estado, num projeto muito lindo do qual me orgulho de fazer parte. E assim, instigando e dando as direções e mostrando as ferramentas necessárias, vamos formando os futuros cineastas do Piauí, fomentando dessa forma o nascimento de um mercado cinematográfico propriamente dito. Para criar esse mercado, é preciso que haja a necessidade dele, e é isso o que precisa ser feito.


3- O piauiense tem ciência da importância do cinema que se faz aqui? 


Monteiro Júnior: Este é um questionamento muito interessante, mas que tenho receio de encontrar uma resposta negativa. Só espero que sim, que o público piauiense dê o devido valor às suas próprias coisas, que ele olhe com carinho redobrado o seu próprio jardim, pois temos flores lindas regadas com muito suor, mas que carecem de mais atenção. Espero que o piauiense entenda o quanto é trabalhoso o que nós estamos tentando fazer aqui e o quanto é estimulante quando esse trabalho é reconhecido, não importa se é um produto que não se compare com os de fora ainda. Estamos apenas começando e, falando por mim, o céu é o limite. Ou não. Pode ser além do céu.


4 - A imprensa tem propiciado espaço para esse trabalho? 


Monteiro Júnior: Creio que sim, a imprensa piauiense, pelo menos no meu caso, está sempre muito disposta a divulgar o que estamos fazendo, e isso é muito bom, muito válido. Por outro lado, a imprensa, sendo o quarto poder que é, poderia ser mais ativa no sentido de instigar, de cobrar, de criticar o que não está sendo feito, ou o que poderia se fazer. A imprensa tem esse poder de dar um belo empurrão para as coisas acontecerem e aqui no Piauí se poderia utilizar mais isso, o poder da palavra para que a História aconteça ou seja modificada.


5 - Quando começou seu interesse pela sétima arte? 


Monteiro Júnior: Assim como todos que trabalham no ramo, creio eu, em primeiro lugar sou cinéfilo e passei minha infância inteira me alimentando do maior número de filmes que pude ver. Sempre fui fascinado por essa coisa de contar uma história e mexer com as pessoas, de você ter uma conexão com outro ser humano através da arte de expressar suas angústias e alegrias. A arte tem essa magia, você contempla um quadro de alguém que você não conhece, e provavelmente nunca vai conhecer, e o mundo à sua volta se transforma. Como não sei cantar ou pintar, percebi que devia passar minha mensagem através da escrita. Mesmo depois de escrever três livros, o que não foi fácil, vi que o cinema continuava sendo minha paixão maior, minha amante favorita. Então, resolvi arriscar e fazer um filme. 


6 - Qual o trabalho que mais lhe deu satisfação? 


Monteiro Júnior: Todos, indiscutivelmente, foram e ainda são importantes na minha pequena trajetória e lembranças impagáveis. No meio do caminho me proporcionou, além de um pontapé inicial nesse ramo, conhecer pessoas incríveis e ter um grupo de amigos formidável. Eu comecei realmente a viver a vida e a me divertir com mais intensidade depois desse filme. Insone foi uma realização pessoal, um projeto que estava anos engavetado, e me deu a chance de mostrar que eu posso fazer trabalhos profissionais e com certa técnica. A noite e a cidade foi muito divertido de fazer, as coisas eram mais instintivas, pois tínhamos menos de duas semanas para deixar o filme pronto para participar da gincana cultural do Instituto Dom Barreto, na qual ele ganhou. E agora, com o DVD-filme Madame Baterflai: Senhora ou Senhorita?, que é um longa-metragem, estou podendo dar um grande passo em termos de produção, de como podemos produzir cinema aqui no Estado, graças à ótima equipe que conseguimos formar e à parceria essencial com a ABD-Pi, cada vez mais engajada em possibilitar o desenvolvimento de um cinema genuinamente nosso.


7 - Quem é referência para você no cinema? Qual diretor que mais o entusiasma? 


Monteiro Júnior: São tantos que seria uma lista longa e tediosa demais para quem não vê dois ou quatro filmes por dia (quando é possível, claro) como eu. Cresci fascinado com os Spielbergs da vida, foi minha base, diga-me assim. Mas foi depois dos 12 ou 13 anos que comecei a me empolgar com Hitchcock, o mestre da narrativa, Coppola – O Poderoso Chefão é aula para quem quer entender e fazer cinema –, e à medida que fui amadurecendo descobri Godard, Fellini, Kurosawa, Billy Wilder, Pedro Almodóvar, Anselmo Duarte e seu clássico O Pagador de Promessas, Glauber Rocha, Ruy Guerra, Chaplin, Buster Keaton, Woody Allen. Enfim, vejo mestres em todos os gêneros e em todas as nacionalidades.


8 - O que o move a continuar nesse campo? 


Monteiro Júnior: A única resposta realmente boa que posso dar a esta pergunta talvez seja minha definição pessoal de cinema (por favor, perdoe a arrogância): Cinema é meu estado de espírito favorito, é quando compreendo melhor a dinamicidade da vida e da existência e entendo a importância de estarmos sempre em movimento, não importa o contexto e nem a história, é preciso sempre estar se movendo, como as imagens à nossa frente. Cinema é onde me encontro e tomo consciência de quem eu sou realmente.


9 - O cinema brasileiro alcançou a maioridade?


É o que todos dizem, não? Quem sou eu para discordar. Cada época tem seu estilo, seu charme, sua motivação. Não podemos desmerecer, por exemplo, o Cinema Novo ou os filmes de vanguarda. Acredito que tudo é parte de uma construção de algo que nunca vai se concluir realmente, caso o contrário a existência não seria dinâmica. Acho perigoso dizer maioridade, embora tenha um fundamento técnico muito relevante. O cinema brasileiro nunca foi tão espetáculo, tecnicamente falando. Não técnica humana, sim técnica de ferramentas, de agora se ter condições de fazer coisas que antes eram bem mais complicadas. O que não quer dizer que está perfeito e que pode parar por aí. Este é o perigo de se dizer maioridade: o conformismo. Creio que não existem fases rigorosamente percebíveis, e sim a evolução natural das coisas. Ainda há muito a se conquistar, muito a se aprimorar, a crescer. Se o cinema brasileiro chegou à maioridade, então não vejo a hora dele ser balzaquiano.


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ENTREVISTA SOBRE O FILME “O EXORCISTA NA BAIXA DA ÉGUA”

PARA O FOR TEENS (13 de agosto de 2007)


For Teens: Há quanto tempo vcs estão produzindo o filme? Como surgiu a idéia de fazer um filme?


Monteiro Júnior: Eu entrei oficialmente no projeto há quase 1 ano, quando os meninos me entregaram um rascunho do roteiro. Mas eles já planejavam esse filme há mais tempo. Lembro que sempre que cruzava com algum deles no decorrer de 2006 me falavam desse projeto, que estavam escrevendo um trash chamado “O Exorcista na Baixa da Égua” e que iriam me dá a direção. Só quando eu recebi o texto foi que vi que não era brincadeira. Eles tinham escrito mesmo um filme intitulado “O Exorcista na Baixa da Égua”!


FT: PQ a história do Exorcista?


MJ: Acho que tem tudo a ver com eles, com o humor cáustico e rasgado do Grupo Ápice. Os meninos têm essa coisa de dizer que Teresina é mais quente que o inferno, então nada mais natural do que terem essa sacada de aqui ser na verdade o lar, o berço, a origem do demônio. E “O Exorcista” veio a calhar porque tem todos os elementos que eles podem distorcer e fazer sua crítica à sociedade, da maneira mais despojada e sarcástica que caracteriza o humor negro do grupo. Às vezes parece aquele humor apelativo, mas não creio que seja. Convivendo com eles, percebe-se que são pessoas cultas e que têm consciência do que estão fazendo e da mensagem que querem passar. Pelo menos, espero que sim.


FT: A gente sabe que, por aqui, investimento em projetos como este são bem escassos. Vcs contam com o apoio de alguém? Tiram do bolso para bancar a produção?


MJ: Pela minha pouca experiência, posso dizer que procurar parceiros que acreditem no nosso projeto e se dispõem a ajudar é como fazer uma jornada pelos sete círculos do purgatório para chegar aos nove círculos do inferno. Mas o interessante é que se não desistirmos chegamos ao paraíso, onde há sempre pessoas sensíveis e dispostas a apoiar os talentos da terra e dar sua contribuição à arte. E audiovisual é uma arte cara, que requer muitos parceiros, portanto muitas jornadas.


FT: Onde foram rodadas as cenas? Vi que tem algumas nas bancas do centro?


MJ: Temos algumas locações no centro da cidade, onde os meninos nos apresentam personagens pitorescos característicos do local, figuras inusitadas e divertidas. Mas a maior parte do filme se passa mesmo na Baixa da Égua.


FT: Quantos jovens participam da produção? Quem apóia o projeto?


MJ: Todo o Grupo Ápice está muito envolvido neste projeto, numa dedicação comovente, todo o elenco é do grupo. Além disso, o Núcleo de Quadrinhos está com a gente, na pessoa do Bernardo Aurélio, na parte de produção, e a Doroteu Filmes, minha humilde produtora, entra para tirar as idéias loucas desses caras do papel e realizar esse filme da melhor maneira que pudermos, em conjunto. Eu aceitei o convite para dirigir “O Exorcista na Baixa da Égua” pela criatividade do texto, pelas idéias dos meninos e, sobretudo, pela energia que eles passam. Eles contagiam você de um jeito que de repente você está envolvido naquilo, naquele mundo deles e não sabe por quê. Mas é a empatia. Eles são sinceros e acreditam no que estão fazendo, e isso faz toda a diferença. Além do mais, sempre quis fazer uma comédia, e escrita por três cabeças como Aristíades, Jimmy e Landerson não tem como não agarrar a oportunidade e agradecer eternamente o convite.


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PARA A REVISTA ETCÉTERA


Meninos, o negócio é o seguinte: quero saber como anda a produção de curtas e longa-metragens em Teresina. Principalmente entre os jovens... então, seguem as peguntas. Coloquem o seu nome completo, idade, curso, formação, quantos filmes e curtas já produziram, premiações e um pouco da "filmografia" de cada um.


1. Como surgiu o interesse de fazer cinema em Teresina? Como vcs amadureceram essa idéia e quais as dificuldades iniciais neste período? 

Monteiro Júnior: Assim como todos que trabalham no ramo, creio eu, em primeiro lugar sou cinéfilo e passei minha infância inteira me alimentando do maior número de filmes que pude ver. Sempre fui fascinado por essa coisa de contar uma história e mexer com espectador, de você ter uma conexão com outro ser humano através da arte de expressar suas angústias e alegrias. A arte tem essa magia, você contempla um quadro de alguém que você não conhece, e provavelmente nunca vai conhecer, e o mundo à sua volta se transforma. Como não sei cantar ou pintar, percebi que devia passar minha mensagem através da escrita. Mesmo depois de escrever três livros, o que não foi fácil, vi que o cinema continuava sendo minha paixão maior, minha amante favorita. Então, resolvi arriscar e fazer um filme.


2. No início, vcs contaram com a ajuda de quem?? Valeu aquela máxima que diz, "uma máquina na mão e uma idéia na cabeça???

Monteiro Júnior: E uma bela equipe lhe ajudando.


- E a questão da grana? Vcs  tiram do bolso para bancar os filmes? Quem ajuda, Pai e mãe??

- Como os pais encaram isso? 


Monteiro Júnior: É aquela coisa: “Siga seu sonho, mas ganhe dinheiro primeiro”.

3. Quais são as maiores dificuldades de fazer cinema em Teresina?

Monteiro Júnior: Não vou ser irresponsável e dizer que aqui é um lugar ruim para se fazer cultura, porque não é. Temos uma cultura bastante rica, basta olhar com os olhos certos. O fato de termos pouco apoio pode servir como estímulo para se produzir bem sem muitos recursos, ou sem quase nenhum recurso, como acontece em certos casos. Se você acredita que tem uma missão de mostrar às pessoas que é possível fazer, você pega uma câmera VHS do tempo da vovó e entrega o melhor filme que pode ser feito, usando as limitações como parte da sua arte. O que está faltando para as pessoas produzirem não é capacidade, é coragem. Lógico que uma maior ajuda do governo viria a calhar, mas esse discurso é velho e não deve ser usado como desculpa para a nossa mediocridade. Quem quer fazer, faz, mesmo que para isso tenha que usar uma cadeira-de-rodas como trilhos e rezar para a fita não se estragar por causa do calor. Resumindo, dá para fazer cinema ou vídeo no Piauí, mas é preciso ter paciência de Jó.

4. E a produção? Sai caro fazer um filme hj?


Monteiro Júnior: Depende da proposta de seu filme. É possível fazer filmes intimistas e interessantes sem grandes recursos.

5. Como essa evolução da tecnologia, da internet ajuda a vcs a produzirem e entrar em contato com pessoas de vários locais do mundo que produzem cinema? Como é esse intercâmbio de informações?




6. Há incentivos do município, das entidades ligadas à cultura ou tudo parte bastante da força de vontade de cada um?

Monteiro Júnior: No começo, quando lancei No Meio do Caminho, meu primeiro filme, só podia contar com a ajuda e o apoio da família e dos amigos. Hoje, além deles, posso contar com algumas instituições, como a Universidade Federal do Piauí e o Instituto Dom Barreto, o que de certo mostra que estou trilhando o caminho certo. 


7. Como vcs vêem a produção e a qualidade do que é feito aqui hoje?


Monteiro Júnior: Embora estejamos muito nos primórdios de um cinema piauiense ainda, vejo que a evolução para esse propósito tem aumentado de velocidade a cada ano. Ao contrário de 3 anos atrás, quando fiz meu primeiro filme, No meio do caminho, hoje há mais pessoas e entidades apoiando nossas produções, o que é maravilhoso. Se você tem um bom projeto, está mais fácil encontrar produtoras que lhe apóiem. Lógico que as dificuldades são enormes, mas basta você ter persistência e nunca desistir. Este é o segredo que não é segredo nenhum. De 3 anos para cá, temos de um a dois lançamentos a cada ano de produções daqui nos cinemas locais, fato que além de mostrar a sensibilidade da gerência dos cinemas para as coisas da terra atesta justamente esse desenvolvimento da Sétima Arte no Estado do Piauí. Acredito que essa é uma tendência que vai ficar mais clara dentro de alguns anos, e é ótimo debater sobre isso, mas é melhor ainda produzir para depois debater. As pessoas falam mais do que fazem. Se cada proposta de mesa de bar que já ouvi em relação a cinema feito aqui se tornasse real sem dúvida estaríamos discutindo o presente, não o futuro. O problema é que o pessoal tem as idéias, mas não sabe como fazer ou não tem coragem de encarar a batalha. Vez por outra, e isso fica cada vez mais freqüente, temos oficinas de produção e técnica de cinema. A ABD-Pi – Associação Brasileira de Documentaristas tem se empenhado nesse sentido, de levar o cinema até aqueles que se interessam, porém que não têm acesso a ele, seja trazendo profissionais de fora e reconhecidos ou levando os daqui para ministrar oficinas em diferentes cidades do interior do Estado, num projeto muito lindo do qual me orgulho de fazer parte. E assim, instigando e dando as direções e mostrando as ferramentas necessárias, vamos formando os futuros cineastas do Piauí, fomentando dessa forma o nascimento de um mercado cinematográfico propriamente dito. Para criar esse mercado, é preciso que haja a necessidade dele, e é isso o que precisa ser feito.


8. Falem dos filmes que vcs estão produzindo.


Monteiro Júnior: Estou na fase de edição do meu primeiro longa-metragem, que se chama Dona Maria. Trata-se de um retrato comovente acerca da questão da velhice, da distância dos sonhos realizados e da solidão. A narrativa intercala ficção e documentário e deve ser lançado por volta de abril ou maio do ano que vem.

9. Como está o mercado para quem quer, no futuro, se tornar um cineasta? 


Monteiro Júnior: Competidíssimo. O futuro cineasta precisa ser mais do que bom e criativo se quiser chamar a atenção das pessoas.

10. Fiquem à vontade para falar algo ou acrescentar uma informação relevante que vcs acham essencial?


Monteiro Júnior: Cinema é meu estado de espírito favorito, é quando compreendo melhor a dinamicidade da vida e da existência e entendo a importância de estarmos sempre em movimento, não importa o contexto e nem a história, é preciso sempre estar se movendo, como as imagens à nossa frente. Cinema é onde me encontro e tomo a consciência de quem eu sou realmente.

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ENTREVISTA COM MONTEIRO JUNIOR POR IVANA MACHADO (MAIO/09)


1. PORQUE, APESAR DE TODAS AS DIFICULDADES, VOCÊ ESCOLHEU FAZER CINEMA NO PIAUÍ?


Eu não acho que tenha escolhido alguma coisa. Para mim, as coisas simplesmente acontecem. Sou piauiense e nasci com o bichinho do cinema roendo minhas entranhas. É natural que minhas primeiras experiências na área aconteçam no universo a qual pertenço e vago. A gente constrói ou desconstrói as coisas a partir do que observa, mesmo que se coloque num contexto universal.


Embora existam essas dificuldades aqui, elas existem em qualquer canto que eu for. Não adianta buscar a oportunidade perfeita, a gente é que a faz. Dentro dessa lógica foi que criei coragem para arriscar ver se eu podia mesmo fazer um filme. Sempre é difícil, como qualquer coisa na vida que você faça. E sempre vai ser. Ter medo das dificuldades é apenas se esconder da vida. E olha que eu sou um cara que luta contra a própria inércia para não se encasular em si mesmo.


2. VOCÊ SE CONSIDERA UM PRODUTOR DE CINEMA INDEPENDENTE?


Se você pensar que não existe indústria de cinema no Piauí, que aqui não há nenhuma Hollywood e que as iniciativas na área são esforços pessoais, todo mundo que se arrisca a fazer filme aqui é um produtor independente. Mesmo que tenha empresas apoiando ou o próprio governo financiando, seja por meio de editais ou apoio direto, é o sujeito que quer fazer o seu filme que vai derrubar muros com o projeto debaixo do braço para tornar real a sua vontade. Já dirigi e produzi filmes meus e produzi de outros. É tão independente quanto tentar sobreviver no deserto. Mas com muita persistência e, sobretudo, paciência dá para escapar da morte.


3. SEU NOVO FILME, “DONA MARIA”, É UM LONGA-METRAGEM. QUAL É A MAOIR DIFICULDADE DE SE PRODUZIR UM LONGA NO NOSSO ESTADO?


Neste caso específico, não posso generalizar, pois “Dona Maria” foi uma produção complicada desde o começo. Começou como um projeto da banda Madame Baterflai e era uma produção grande demais para os nossos passos. Então, a banda acabou e eu tive que reformular tudo para concluir o que já havia sido gravado. Reestruturei em cima do tema da velhice e essa é a versão final. Ou seja, “Dona Maria” teve umas quatro fases diferentes e tomou quatro anos da minha vida. Foi um processo traumático, chegar no final, e não tem mais nada a ver com o roteiro original. Felizmente, contei com pessoas incríveis que me ajudaram a não desistir e devo a cada uma delas eterna gratidão por ter realizado essa primeira experiência com um filme mais longo.


4. NOSSA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA AINDA SOFRE PRECONCEITO FORA DO ESTADO?


Sobre isso, não posso falar muito porque não tenho essa informação. Não sei se vêem bem ou mal o que se faz por aqui, ou mesmo se vêem mesmo o que se faz por aqui. Sei que “Ai que Vida!” ultrapassou as fronteiras e o pessoal está gostando muito. E isso é ótimo, se fizer com que as pessoas dos outros Estados fiquem curiosas e queiram ver mais filmes daqui. 


Contudo, o que chega aos meus ouvidos são comentários tanto do Ceará quanto do Maranhão, que produzem com freqüência e até mesmo em película, 35 ou 16 mm, questionando por que o Piauí não consegue produzir mais. Por que não se faz filmes aqui em película ou não se produz mais com uma pretensão de qualidade? 


O Piauí é o único Estado no qual o cinema não tem nenhuma prioridade para as administrações públicas. É uma barreira que nos trava, transforma-nos em ilha atrasada perante as outras. Produzir cinema aqui, de maneira efetiva, não está na pauta. Esta é uma realidade que precisa mudar. Eles podem falar dos cursos e oficinas de cinema que vez por outra aparecem, mas acho pouco ainda. Não se pode querer dar o conhecimento sem dar as condições para pôr esse conhecimento em prática.


5. VOCÊ ASSISTIU A “AI QUE VIDA”? O RELATIVO SUCESSO DO FILME EM RELAÇÃO ÀS PRODUÇÕES ANTERIORES NO PIAUÍ, EM SUA OPINIÃO SE DEVE A QUÊ? 


O sucesso do filme do Cícero Filho possui, a meu ver, dois modos de se analisar. Em primeiro lugar, trata-se de uma comédia populista, com humor de situações e um pano de fundo romântico. Cícero acertou em fazer comédia em cima da política, pegando a mesma trilha de humoristas como João Cláudio, Dirceu Andrade e Amauri Jucá. Ora, se o Piauí é um Estado que se sustenta mais pela política, fazer humor em cima disso é certeza que a grande maioria iria gostar e se divertir. 


Por outro lado, o sucesso do “Ai que Vida!” também mostra o quanto somos carentes de mais produtos audiovisuais nos quais possamos nos ver na tela. É o reflexo de nossa insuficiência cultural. É como se o público piauiense pedisse: “Façam mais para podermos comparar e desenvolvermos nosso senso crítico e nos sentirmos bem com isso”. O piauiense tem a auto-estima baixa, ele quer acreditar que tem cultura. O que é diferente de ter absorvido a valiosíssima cultura que tem. Noto isso também no teatro, com o sucesso da peça “Black Shit”, que zomba da cultura musical que nós temos.


Chego à conclusão de que o público nosso gosta de ri de si mesmo. Talvez essa seja a fórmula do sucesso. Temos uma auto-estima baixa, sentimo-nos culturalmente carentes e nos divertimos com a caricatura de nós mesmos. Toda obra que mexe com esses três paradigmas ganha o aplauso do público. “Ai que Vida!”, “Black Shit” e nos ilustres humoristas parecem corroborar essa tese de refletir um povo por meio da sátira dele próprio.


6. “DONA MARIA” É UM PROJETO RELATIVAMENTE LONGO (QUATRO ANOS). A QUÊ VOCÊ ATRIBUI ESSA DEMORA? 


Acho que já respondi isso. O projeto passou por várias pessoas ao longo dos anos. A logística não era simples. O projeto inicial previa três histórias que se cruzariam durante uma noite. “Dona Maria” é uma dessas histórias, a que conseguimos gravar. Depois tudo começou a sair dos trilhos, por conta de chuvas, orçamento, disponibilidade de pessoal e até por indulgência minha – tenho que confesso. 


Mas a produção nunca parou de fato. É que às vezes demora até você desatar um nó, conseguir mais dinheiro e completar sua idéia. A gente tenta fazer isso várias vezes até conseguir. Sofri muito no processo, tornei-me uma pessoa insegura ao ponto de ter problemas interpessoais também. Lançar esse filme é me permitir ser outra pessoa.


7. DOS SEUS TRÊS FILMES, “NO MEIO DO CAMINHO”, “INSONE” E “DONA MARIA”, QUAL É O SEU PREFERIDO? A MENINA DOS SEUS OLHOS?


Tem também “A Noite e a Cidade”, que fiz para a gincana cultural do Instituto Dom Barreto logo após “Insone” e que muita gente gosta. O preferido sempre é aquele que a gente está trabalhando. Só este ano, tive que me isolar por três meses da chamada vida social para concluir “Dona Maria”, chegando a adoecer mesmo por isso. Tentei fazer o melhor diante do caos que cerceou a feitura desse filme. E gosto dele, apesar de algumas coisas que não consegui contornar. 


Contudo, guardo um sentimento especial por “No Meio do Caminho”. Nem tanto por ter sido a primeira experiência, e sim por ter sido feito entre amigos queridos que tomaram para si a idéia e me possibilitaram a realização de um sonho. Amigos esses que, embora hoje distantes, sempre vou carregar no lado bom do coração.


8. O QUE TE DAR MAIOR PRAZER? TODA A CORRERIA DA PRODUÇÃO DE UM FILME OU O CONFORTO DE SENTAR NA SALA DE CINEMA E ASSISTIR A UMA ÓTIMA PRODUÇÃO?


Eu me apaixonei por cinema vendo filmes e os que eu faço são os que quero ver. Para mim, nada substitui a sensação de plenitude que sinto quando sento na poltrona de uma sala de cinema. É uma das poucas coisas que fazem sentido para mim neste mundo louco. Um tanto romântico, eu sei, mas eu preciso conservar em mim algum tipo de magia para continua existindo.


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ENTREVISTA AFONSO RODRIGUES (UFPI) – JUNHO/09


Qual sua experiência com cinema? Quando começou? 


Assim como todos que trabalham no ramo, creio eu, em primeiro lugar sou cinéfilo e passei minha infância inteira me alimentando do maior número de filmes que pude ver. Sempre fui fascinado por essa coisa de contar uma história e mexer com espectador, de você ter uma conexão com outro ser humano através da arte de expressar suas angústias e alegrias. A arte tem essa magia, você contempla um quadro de alguém que você não conhece, e provavelmente nunca vai conhecer, e o mundo à sua volta se transforma. Como não sei cantar ou pintar, percebi que devia passar minha mensagem através da escrita. Mesmo depois de escrever três livros, o que não foi fácil, vi que o cinema continuava sendo minha paixão maior, minha amante favorita. Então, resolvi arriscar e fazer um filme. De 2004 para cá, já lancei três: 

2004 – No Meio do Caminho, média-metragem homenageado no Festival de Vídeo de Teresina como Filme Convidado (o único do Estado).
2005 – Insone, curta-metragem exibido no Salipi, na Mostra Piauí de Cinema e 1º lugar no Festival de Vídeo de Teresina, na categoria Melhor Vídeo Piauiense. O filme está em várias videolocadoras da cidade.
        - A Noite e a Cidade, documentário sobre o lazer noturno piauiense em diferentes épocas, vencedor da gincana cultural promovida pelo Instituto Dom Barreto e exibido na Mostra Piauí de Cinema.

O que te levou a pensar que você poderia ser desse meio, um cineasta?


Apenas o sonho de trabalhar com isso. Desde pequeno escrevo histórias. Dos 15 aos 20 anos publiquei três livros, um premiado pela FUNDEC. Isso me deu auto-estima para arriscar fazer filmes. Meu primeiro filme, No meio do caminho, foi feito entre amigos, lançado na Oficina da Palavra e no Cine 3 do Teresina Shopping. Acredito que seja a última produção daqui rodada em VHS, o que começou com Luis Carlos Sales em 1989. Escrevo artigos sobre cinema para jornal impresso desde 1999. A vida toda respirei cinema. Participar da feitura da sétima arte sempre esteve nos planos.


Que temáticas você trabalha em suas produções?


Eu sou um sujeito idiossincraticamente triste. Eu me atraio pela tristeza que rege as relações humanas. Sou muito curioso em relação ao mecanismo da solidão. Todos os meus filmes são sobre personagens que começam e terminam sozinhos, seja em que contexto for. Adoro projetar histórias sobre alguém em busca ou em perda do sentido das coisas.


Como é o trabalho da Casa da Cultura em relação ao audiovisual?


Na Divisão de Cinema, Vídeo e Fotografia, na qual eu trabalho, a gente promove o FESTVÍDEO todo fim de ano e estamos na 3ª edição do FESTIVAL DE FILMES DE 60 SEGUNDOS, introduzido aqui pelo Alan Sampaio. Temos um grande acervo de produções daqui, além de darmos sempre um apoio àqueles que desejam produzir um curta, seja documentário ou ficção.


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Lançamento do livro O CONFIDENTE [2003]


Inicialmente, gostaria que você me falasse um pouco da tua experiência como escritor. Tipo: primeiro livro lançado, idade em que isso aconteceu, etc.


Está sendo ótima minha “experiência como escritor”, fantástica, apesar de ainda me considerar um contador de histórias; existe um longo caminho a percorrer antes que eu possa me considerar um autêntico escritor. Publiquei meu primeiro livro, As Sete Vidas do Gato, em 1998, no mesmo dia em que completei 15 anos. Foi inesquecível, uma noite mágica para mim, além de ser o livro pelo qual sou mais lembrado até agora, porque caiu nas graças dos adolescentes, que indubitavelmente é o pessoal com o qual tenho mais contato, já que ainda estou saindo da adolescência. O segundo livro, A Obscuridade Humana, foi lançado no ano seguinte, e já é um livro mais voltado para o leitor adulto. Sabe, é um livro maior, cheio de reviravoltas e essas coisas que nos fazem ler concentrados. Possui temas mais familiares, mais adultos, uma narrativa mais elaborada. É um livro que eu gosto muito. Agora publico meu terceiro livro, O Confidente, que embora siga a linha do suspense, gênero que tenho trabalhado até agora, possui uma história mais original, com alguns truques interessantes de narrativa, uma proposta ousada e até um tanto pretensiosa, que fará o leitor ler da primeira a última página de uma só vez.


Você já escreveu três livros e ao que me parece eles são bem diferentes, embora também tenha percebido que a idéia do suspense parece reinar em todos eles (me corrija se eu estiver errada). Mudou alguma coisa (ou não) do primeiro livro para este que será lançado agora? Falo de amadurecimento literário mesmo, de conhecimentos novos e que serviram para construção deste novo livro.


Sem dúvida, a questão dos três serem livros de suspense, algo que me parece ser pouco explorado na literatura nacional, é muito forte e pode levar a serem confundidos com uma coisa só. Entretanto, para mim, existem diferenças significativas entre os três livros. As Sete Vidas do Gato é bem diferente de A Obscuridade Humana, e O Confidente já é totalmente diferente dos anteriores. O amadurecimento literário é um dos pontos que mais podemos destacar para distingui-los. Em As Sete Vidas do Gato eu ainda estava aprendendo a como lidar com a história e como conduzir o leitor ao final que planejei. Você percebe que existe alguém aprendendo ali, existe alguém se aperfeiçoando lentamente, passo a passo. A Obscuridade Humana já possui uma linguagem mais elaborada, mais controlada até, enquanto que O Confidente é quase uma subversão das regras, dos conceitos e conhecimentos adquiridos, pois já me sentia mais seguro com minha narrativa para fazer isso. É o livro em que eu quis arriscar, tentar criar um estilo novo de literatura, algo ousado e que dificilmente se repetirá em meus futuros livros, pois é pretensioso e nem um pouco popular, vulgarmente falando.


Se mudou, o que você destacaria? Se possível, fale-me um pouco de cada livro para que eu possa perceber essa diferença de um para o outro. Resumidamente.


Se você prestar atenção, As Sete Vidas do Gato e A Obscuridade Humana retratam pessoas que se metem em alguma trama por ganharem alguma coisa. O detetive John Milles (o protagonista do primeiro) tem que lidar com um caso novo, a psiquiatra Lisa Parker (a protagonista do segundo) tem que lidar com um paciente novo, e é assim que eles entram na trama, é assim que eles começam o livro. Com O Confidente acontece o contrário: o garoto perde o pai e então começa a trama do livro. Foi essa a grande mudança, eu acho, na estrutura da história. Passei a me interessar pelas perdas e por suas conseqüências. É um tema extremamente rico, que pode ser explorado por várias faces. Eu apenas escolhi uma face não ortodoxa, digamos assim, para narrar a história de um garoto confuso que perde o pai se culpa por isso. Acredito também que a narração ficou bem mais direta, segura, irônica, sendo que essa ironia é mais notável quando você ler o livro pela segunda vez. Percebo um amadurecimento significativo do primeiro livro para este terceiro, que pretende ser uma experiência nova para o leitor, uma experiência que vai levá-lo a reflexões que ele nunca imaginara ter um dia, que vai pô-lo para pensar, algo que para mim é de uma importância imensurável. É extremamente importante tirar o leitor do comodismo de receber as informações todas digeridas, e é exatamente isso o que procuro ao lançar um livro como O Confidente: dar ao leitor a oportunidade de questionar o livro que está lendo, de usar todo o seu intelecto e de ser parte integrante da trama que acompanha. Talvez esse seja o grande diferencial do livro, talvez seja isso o que o torna tão especial, ao meu ver, pois não subestima a capacidade do leitor, e sim o contrário. O Confidente é um livro único, instigante e, acima de tudo, desafiador. Ele te desafia sem o artifício de uma linguagem rebuscada. Sinto-me muito orgulhoso de tê-lo escrito. Tenho certeza de que o leitor piauiense, que necessita de uma coisa diferente, encontrará aquilo o que está procurando com meu livro, e assim terei mais certeza ainda de que acertei ao embarcar de cabeça em um projeto dessa natureza.


Como você caracteriza seus livros? Qual o teu estilo literário?


Não sei se ainda é cedo demais para tentar caracterizar meus livros ou explicar o meu estilo literário. Honestamente, eu não queria ter um estilo, eu não queria ser rotulado. O rótulo limita muito o público-alvo e isso não é tão bom o quanto se pensa. No caso de um livro como O Confidente, que procede dois livros de suspense, corro esse risco, além da própria proposta do livro. Mas planejo enveredar por outros caminhos, outros gêneros, que serão completamente diferentes do que já publiquei até agora. Quanto à forma como eu escrevo, bem coloquial e sem grandes vôos digressivos, sinto-me bem com ela, me permite dar mais atenção à história e aos personagens ao invés de buscar palavras que as pessoas precisarão recorrer ao dicionário. Posso muito bem fazer isso, porém não me sinto à vontade. O importante não é como você escreve, mas o que você escreve, entende? Quero escrever sempre com honestidade, passando a mensagem com uma linguagem no mínimo acessível. Já tenho esse vício de explorar temas complexos, imagine então com uma linguagem rebuscada! Ninguém leria! Quer dizer, os intelectuais alucinados leriam, mas e o resto do público? Sei que O Confidente possui uma história complexa, que exige muito do leitor, pois contém detalhes extremamente sutis e que são importantíssimos para a compreensão da obra, mas teimo em dizer que pode ser acessível a todo mundo. É um livro acessível na linguagem, disso não há dúvidas.


Para quem você escreve? Como você define o seu leitor? O que eles podem esperar (ou não) dos teus livros?


Antigamente, eu tinha a fantasia de que escrevia para mim mesmo, para me satisfazer. Já que os outros livros não fazem isso, então eu vou fazer. Algo assim, sabe? Só que a gente vai crescendo e vai vendo que não é bem por aí. Se você escreve, você quer que alguém leia aquilo o que você escreveu. Você quer ser reconhecido pelo o que você fez. Dito isso, defino meu leitor (se é que não é muita pretensão minha) como aquela grande parcela da população que anseia desesperadamente sair da mesmice, que deseja sentir novas sensações e se surpreender consigo mesma lendo um livro. Em um momento em que o estoque de criatividade parece estar em falta no mercado, é importante e sempre bem-vinda uma coisa nova, que causa espanto a princípio pela ousadia e irreverência mas que logo torna-se parte do inconsciente coletivo. É assim que posso definir meu leitor potencial, que, acredite ou não, é grande e aguarda apenas uma oportunidade como esta para se mostrar em toda a sua força.


Existe algum escritor nacional (e até mesmo piauiense) que te sirva de inspiração ou não?


Como 99,9% dos leitores, gosto muito de Machado de Assis, apesar de não ser um profundo conhecedor de sua obra, o que é um pecado. Sem dúvida, foi um dos melhores escritores que já tivemos, talvez o melhor. Álvares de Azevedo, da 2a geração do Romantismo brasileiro, é outro nome que me atrai. Na literatura piauiense, temos grandes escritores, como O.G. Rego de Carvalho, Mário Faustino, Assis Brasil, são muitos grandes nomes que temos por aqui, como H. Dobal. Douglas Machado fez um belíssimo filme sobre a vida e a obra dele.


Você me falou que a sua grande paixão é o cinema. Essa paixão pelo cinema exerce alguma influência na sua forma de escrever? Que tipo de influência?


Sempre me empolgo demais quando falo sobre o cinema, porém vou tentar me conter aqui. Na verdade, eu respiro cinema. É a grande influência em tudo o que eu faço. A minha forma de escrever é toda tirada do cinema, é quase como uma “prosa visual”, se é que existe tal coisa. Digo isso porque procuro sempre tornar possível ao leitor a visualização das cenas que escrevo, e isso com o mínimo de descrição possível. É como um roteiro cinematográfico em forma de livro, o que certamente torna a leitura bem mais dinâmica e visual. Gosto disso, pois me permite explorar muitas possibilidades narrativas e direcionar o leitor para o lugar certo. Em O Confidente, faço isso mais do que nunca, e é o que me ajuda nas sacadas que o livro tem. Para homenagear o cinema e ao mesmo tempo brindar aquele cinéfilo de carteirinha, pus na história referências diretas e indiretas de filmes dos últimos vinte anos. São coisas bem sutis, que só mesmo quem é fã e assiste a tudo vai perceber. Entretanto, isso não restringe de maneira alguma qualquer outro tipo de leitor (cada um vai encontrar no livro referências familiares), é apenas um detalhe adicional, um extra, digamos assim, para o público ao qual faço parte. Foi uma pesquisa deliciosa e um trabalho muito interessante, que com certeza vai deixar qualquer cinéfilo empolgado.


Só para finalizar, quais os teus planos no setor literário? Qual sua perspectiva para o lançamento deste livro? Que novos trabalhos (literários ou não) você tem em mente?


Os projetos que tenho em mente são numerosos e envolvem as mais diversas áreas. Estou escrevendo um novo livro, que já é algo bem diferente dos outros três e que está ficando muito bom. Ainda não sei se lanço ele aqui ou fora, mas com certeza vai ser lançado. Tenho planos na área do cinema, já que meu sonho é ser cineasta, porém mais para frente, daqui alguns anos. Por enquanto, estou vendo a possibilidade de fazer um vídeo e um making of. Basicamente, estou aberto a oportunidades nessa área. Também tenho projetos de peças teatrais, além de estar cursando Psicologia. Falando em O Confidente, tenho a expectativa de que o livro seja bem aceito pelo leitor piauiense. É um livro que foi premiado pela FUNDEC em 2001 e que será apresentado pelo ilustre escritor M. Paulo Nunes, membro da Academia Piauiense de Letras. Com esta deixa, convido todos ao lançamento no dia 6 de maio (terça-feira) às 20:00 no auditório da ADUFPI. Estarei esperando todas as pessoas que desejarem comparecer e prestigiar a nosso cultura que tanto carece de maiores incentivos. 

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