Filmes de 2001 [comentários]

Péssimo * Desastroso * ½ Fraco * * Assistível * * ½ Sólido * * * Acima da média * * * ½ Ótimo
* * * * Quase lá * * * * ½ Excelente * * * * *
 
CIPRIANO * * *
[Idem, BRA, 2001]
Drama - 69 min
Após alguns anos de espera, finalmente podemos conferir o filme do piauiense Douglas Machado, que tem como personagem principal o sertão nordestino. Sob o ponto de vista do diretor, o sertão não é somente árido e quente, mas também uma forma de expressar todo o pessimismo e a melancolia da alma humana. A história gira em torno dos irmãos Vicente e Abigail, que devem levar o pai, cuja vida foi atormentada por sonhos premonitórios, ao local onde deverá ser o seu leito de morte, próximo ao mar. Com uma narrativa repleta de lirismo, e o mínimo possível de diálogos, Douglas fez uma obra estritamente autoral, porém de fácil identificação. Trata de personagens bastante humanos e com motivações verdadeiras, almas conturbadas e uma realidade em que a beleza está oculta pela tristeza e sobriedade do ambiente. E o diretor soube muito bem mostrar isso, mostrando-se dono de uma técnica de direção bastante apurada e segura de si. Cada tomada quer dizer alguma coisa, como se fossem quadros pintados a óleo. Dá até para congelarmos a imagem e refletirmos sobre ela. A direção só perde para a atuação de Chiquim Pereira, que encarna maravilhosamente Vicente, um deficiente mental. De todos, talvez Vicente seja o personagem mais vivo da história, com seu mundo à parte, mas que não deixa de sentir as dores da triste realidade que o acomete. Ele é alma de Cipriano - o filme -, dando-lhe um caráter bem mais significativo. Douglas Machado está de parabéns. Com um roteiro simples, mas com algo a dizer, e diante das dificuldades que encontrou para torná-lo algo real, ele fez um excelente trabalho. É um filme para se ver com muita atenção e interpretar em vários trechos. Sem dúvida, uma obra bonita, e nada sutil, de uma cultura que merece nossa atenção e nossa sensibilidade. Devemos apreciar esse “pedaço da arte contemporânea”, pois demonstra ter sido feito com o coração e sem grandes pretensões. Vamos descobrir que existe poesia no sertão, mesmo que seja uma poesia triste. [08.04.01 - cinema]
 

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