sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Dirigindo ESTALOS [24 out 21]


 

Dirigindo ESTALOS [23 out 21]


 

segunda-feira, 15 de julho de 2019

DOR E GLÓRIA

Ainda melhor que um Almodóvar mais reflexivo, melancólico, é ver Antonio Banderas consciente das modulações de sua grande atuação. O fio mnemônico do cineasta-alter-ego-ficcional busca se conciliar com o passado materno e ao mesmo tempo, sem saber, está atrás da origem do desejo capaz de reacender a chama criativa. Um mergulho do realizador espanhol em si mesmo, olhando para a própria persona como se quisesse quebrá-la, enxergar o ser humano além da casca, das dores do corpo que refletem as da alma. É divertido e triste, intimista e arquetípico. Os paradoxos que sempre impregnam as narrativas pessoais – e não importa se Almodóvar está ou não falando diretamente dele. Com inspirações fellinianas, cruza várias coisas [até esquece algumas] sem fugir da essência. O desfecho que escancara a metalinguagem não precisa surpreender, mas atestar a coerência dessa espécie de autorrevisão existencial. Como o faz bem. 



Dolor y Gloria * * * ½
ESP, 2019 | Drama | 113 min
[13.07.19 | Cine Teresina 5]

DESLEMBRO

A maneira como a realizadora Flávia Castro costura a memória da jovem protagonista [Jeanne Boudier, debutante segura] ao seu rito de passagem termina sendo uma alegoria [sutil?] de porque o Brasil, enquanto não deveria, insiste em ignorar o próprio passado da ditadura militar. A culpa sublimada leva a menina a rejeitar a volta ao próprio país, assim como faz o [in]consciente coletivo negar as atrocidades do regime militar. A narrativa opera em níveis simbólicos, mas projeta as entrelinhas com potência dramática cirúrgica na cara do espectador, disfarçando o dolorido das questões abordadas com poesia cinematográfica. Usa a música como recurso orgânico da história de se reconectar ao país depois do exílio, assim como a burocracia para abrir a fresta do trauma dos desaparecidos políticos. Ao mesmo tempo trata os personagens de perto a ponto de quebrar estereótipos. Ante toda essa negação do passado brasileiro recente, a estreia na ficção de Castro escancara uma lembrança social que não pode ser apagada. 


Idem * * * *
BRA, 2018 | Drama | 96 min
[13.07.19 | Cine Teresina 5 – pré-estreia]

ATENTADO AO HOTEL TAJ MAHAL


O australiano Anthony Maras faz do seu primeiro longa uma encenação tensa do cerco terrorista a Mumbai, o coração pulsante da Índia, em novembro de 2008. A narrativa é atenta à escalada cronológica, de onde tira muito de sua força inicial, embora se restrinja ao terror que tomou conta do hotel-título. Ao mesmo tempo, Maras e o corroterista John Collee denunciam o completo despraparo das autoridades locais. De resto, não foge da estrutura de filmes do gênero, com quedas pontuais no ritmo em meio às histórias individuais selecionadas. A tentativa de humanizar os terroristas surge tímida. 







Hotel Mumbai * * ½
IND/AUS/EUA, 2018 | Suspense/Ação | 123 min
[11.07.19 | Cine Teresina 6]